Entrevista com Ir. Isaac Rodrigues
Em Mirandela, na obra salesiana, é conhecido como “Irmão Isaac”. Do grupo dos fundadores é o único que permanece. Todos o estimam e respeitam, porque sabem que uma boa parte da sua vida foi dedicada aos mirandelenses.
Entrevistado: Irmão Isaac Rodrigues
Em abono da verdade, não pertenci à primeira expedição, mas fui dos primeiros: de 1955 a 1965. O director era o saudoso padre Filipe Pereira. Com ele estava o seu irmão Domingos Oli-veira, os padres Gaspar e Garcia, o sr. Eugénio e outros de quem não lembro o nome. A obra consistia numa pequena escola primária com algumas dezenas de alunos com os quais iniciei a minha actividade como professor.
Como eram as instalações? Quem as construiu?
Bom, as instalações era um antigo hospital da tropa. O governo deu ao padre Filipe cerca de 300 contos para recuperar o edifício que se encontrava em estado lastimoso e completamente abandonado. Depois de recuperado, para além da escola, criou-se também um Lar. Foi dele que partiu para o aspirantado o Pe. Augusto de Deus.
Queres falar dos tempos em que percorreste Portugal a falar dos coope-radores e das vocações?
Percorri, com o padre Álvaro Gomes, milhares de quilómetros, num célebre Fiat 600. Falávamos, nas aldeias e vilas, da Família Salesiana e das vocações e projectávamos ao ar livre ou Casas do Povo o filme Dom Bosco, de 16 milímetros. Juntavam-se centenas de pessoas, pois todos queriam ver aquela coisa rara chamada cinema. Mas acontecia com alguma frequência um percalço: a lâmpada da máquina era muito sensível e fundia-se. Com o tempo o padre Álvaro tornou célebre a seguinte frase: “Meus amigos, o filme está dado!” Foi nestes tempos, de extrema carência, que o nome salesiano se difundiu por terras de Portugal.
És formado em música. Em que área?
Fiz o curso geral de canto gregoriano no Instituto Gregoriano de Lisboa, obtendo habilitação própria para leccionar.
És um dos fundadores da obra de Mirandela. Como foram os primeiros tempos?
Muito divertidos e sacrificados. Éramos três salesianos: eu e os padres Armindo e Nuno. Fomos viver para um apartamento que a Câmara nos cedeu num bairro social, no último andar. O telhado era de lusalite e no verão sufocávamos. A capela onde começou a futura paróquia de S. João Bosco era numa cave também concedida pela Câmara. E foi assim que tudo começou. Já lá vão quase 25 anos!
in Boletim Informativo, Maio de 2007 , 08-05-2007
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